A pergunta “quem sou eu?” é um dos questionamentos mais antigos da humanidade.
De onde viemos, onde estamos e para onde vamos?
Ao longo dos séculos, ciência e espiritualidade tentam respondê-las, sempre de forma não conclusiva, apesar dos avanços de ambas. Enquanto isso, a arte também faz sua parte. São diversos os poetas, escritores, músicos, pintores, atores e bailarinos que deram e continuam dando vazão a essa busca por meio da arte.
Há dez anos, o Grupo Corpo, companhia de dança contemporânea de Belo Horizonte (MG), estreou Onqotô (em bom mineirês, “onde estou?”), um espetáculo sobre os mistérios da existência coreografado por Rodrigo Pederneiras e musicado por Caetano Veloso e José Miguel Wisnik.
Apesar de ser considerado uma referência no círculo da dança, infelizmente, o espetáculo é pouco conhecido pelo público brasileiro, mas foi imensamente apreciado nas turnês internacionais da companhia – vide histórico de releases no site do Grupo Corpo (www.grupocorpo.com.br), o que demonstra, além da qualidade do trabalho, o alcance da universalidade do tema.
Uma das cenas mais comentadas de “Onqotô” traz dois duos que utilizam o chão e a cumplicidade entre os corpos para dar luz a um diálogo sobre a existência.
A música que acompanha a coreografia foi adaptada por Veloso e Wisnik a partir do poema “Oração”, de Gregório de Matos, advogado e poeta do Brasil Colônia.
A releitura do poema cria um ambiente mítico e misterioso para o público, nos colocando uma perspectiva singular da nossa passagem pelo mundo: seria a vida uma loucura mortal? O que haveria ao fim dessa jornada?
Natália Faria é jornalista e bailarina, ambas atividades de formação e coração. Atualmente trabalha com planejamento de conteúdo na agência WH²F.
Revista Facebrasil – Edição 50 – 2015
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